19.12.05

Hesitação

5 horas da manhã da minha vida e sinto-me invadido por uma espécie de pessimismo incurável...

Olho no horizonte, tentando esboçar um sorriso, perdendo-me por breves instantes para tentar esquecer que tudo era para ser como tinha que ser.

Sem efeito, dou comigo a tentar manipular o passado juntando pedaços de tempo, sabendo que a menor distância entre dois pontos no tempo sao as memórias que guardamos. Memórias que me desafiam, memórias de palavras que ficaram por dizer...

Palavras perdidas.
Palavras que deitei fora.
Palavras por palavras.
Palavras cujo sentido ficou por definir por falta de tempo ou coragem.

Vejo-me então agarrado a essas palavras mudando o seu sentido pelo simples prazer de imaginar o possível desfecho.

Os ponteiros do relogio vão ganhando terreno...

Realizo-me que já nao tenho todo o tempo do mundo para continuar a ficar perdido em pensamentos.

Todavia sinto que estou a mudar, não estaremos todos ?

Menos sensíveis, mais pragmáticos.
Menos espontâneos, mais racionais.

Sinto-me a perder o toque inigualável da inocência do sentir e pensar, o toque único de ser levado pelo vento...

6h da manha da minha vida e não sou o mesmo de à uma hora atrás, não sei se quero ser igual mas não sei se devo ser diferente...

Hesito...

9.11.05

Aprender a viver

Será seguro pensar ?

Olho pela janela, vislumbro a lua cuja luz incide em mim provocando um claro flashback de ideias vazias de sentido, num ápice revivem-se momentos que duraram anos, num instante e por um instante temos o poder de compactar a própria vida.

Oiço música, como se um filtro para a realidade que possui o sublime poder de personificar o nosso pensamento. Acendo a luz, dissipando todas as sombras menos a minha. Aproveito então este súbito momento, precioso oásis, e espalho palavaras iluminadas numa folha de papel em branco...

Parece que tou a chegar rápido e com demasiada frequência a lugar nenhum...
Fico à espera que o vento me sopre na direcção certa, preciso de me lembrar como viver naturalmente.

Todavia, farei sempre parte dos que querem escolher, e vou aprendendo...

"Se conseguires viver uma tarde absolutamente inútil, de maneira absolutamente inútil, então sabes viver".

Analisa o ar que respiras, sente a brisa a passar, mergulha na saudável sensação que ela te transmite...

O tempo passa, ficamos imóveis, somos embebidos por uma tranquilidade que nos esvazia de pensamentos, o nada preenche-nos e só nos apetece pairar, ver, apreciar, sem interferir, a distância à realidade vai aumentando mas nada fazemos para o impedir, sentimo-nos bem, tão bem...

Aprendemos assim a viver...

24.8.05

Utopia do "Não Sei"

Dou comigo sozinho, rodeado por 4 cantos, por opção própria, será ? De qualquer modo sou absorvido pelo inequívocamente sombrio gosto de estar assim, ou não, sobretudo, deixar-me levar...

A consciência de saber que tudo muda, nada permaneçe na mesma.
A inconsciência de não saber lidar com isso.

Cronometro todos os meus movimentos de forma acurada e sigo a viagem para o "não sei onde".

Visões a preto e branco, sem cheiro, sem vida, sequer sentido, mas, ao fundo, no hipotético horizonte que criei, re-encontro um sorriso do passado que me havia sido tatuado num local apenas visível quando a lúcidez do pensamento se desvaneçe, um sorriso, um tesouro, repleto de momentos não tristes, não felizes mas sim avassaladores, marcantes...

Agarro-me a este único e ilústre momento, viro-o ao contrário, do avesso, colocando-o de novo na posição original, sentindo-me constantemente abraçado por forças que partem do meu interior e que misturam a toda a força e velocidade a razão com a ignorância, uma mescla de "não sei quê" que tento aceitar e de maneira alguma tentar piorar.

Oiço todo o burburinho de fundo em tom musical, o "não sei onde" está mais perto...

Todavia, o encontro que procuro que me consiga conexar a lúcidez do sentir com a insanidade do pensamento nao se avizinha de facto imediato...

Muito próximo para ser reconhecido.
Muito profundo para ser agarrado.
Muito fácil para se acreditar.
Muito maravilhoso para ser entendido intlectualmente.

Enfim, encontro-me então "não sei como", estranho ou não é assim que alcanço o "não sei onde" e me encontro realmente.

Como posso eu ficar?

Eu sou assim...

28.6.05

Respira-me

Um olhar para um quarto despido de novas sensações.
Um olhar no vazio e sigo o meu caminho.

A música toca e toca enquanto eu continuo na eterna espiral de pensamentos perdidos.

Mais um passo errado e volto cair...
Parece não demorar tempo nenhum, apenas um pequeno lapso de razão que me cega a vida por uma vida.

Não me esqueço, hoje não vai haver sono.
Há algo que raramente me fala, mas que constamente oiço respirar...

Já me senti no topo.
Já me senti no fundo.
Já soube tudo.
Já esqueci tudo.

1,2,3, voltamos a pairar, somos nuvens sobre uma terra cheia de "ninguem sabe o quê"

Sou um espaço vazio, mas não posso ser substituído.
Fico à espera que alguém me apague e me reescreva.

Sou eu, sempre a fazer perguntas.
Sou eu, sempre a andar em círculos.
Sou eu, sempre à procura da porta certa.

Vou precisar de duas vidas para seguir os rumos que tenho levado.

Vou ficando agarrado à beleza de coisas simples, sem grande sentimento, não há ninguém para culpar, talvez isso seja o pior de tudo.

Estou farto de vir parar sempre ao ponto de partida...

Por enquanto e até o "não sei quando" vou usando a linha do tempo e os raios do sol para me camuflar...

Está um dia bonito lá fora, e eu constantemente dentro de mim em estúpidas divagações...

20.6.05

Jogo de Sombras

Quem somos nós ?
Que é que vemos ?

Sombras, sombras que desvaneçem, que se acentuam, que ficam, que desaparecem.
Mas o tempo não pára...

Vivemos de pequenos momentos de êxtase, de deslumbramentos, de fantasia, de inquietudes.

Vejo um paradoxo em tudo, é sobre ele que me equilibro.

Quero ser aquilo que realmente sou mas sobretudo quero que consigam ver isso.
Quero mostrar o meu lado mais puro mas parece que só vêm ou só querem ver a minha sombra.

Todos nós, sem excepção, temos aspectos que não deixamos ninguem ver ou que ninguem consegue decifrar, sentimentos profundos, desejos secretos, mágoas recalcadas.
Quando realmente conseguirem ver esses aspectos, eu sou eu.

Mas conhecer realmente alguém é tão facil como voar...

Chega de fazer "rewind" e viver sobre memórias antigas, tristes, alegres, simplesmente... memórias.
Chega de querer voltar a pôr o pé na ténue linha de sentimentos antigos que inequívocamente tentamos voltar a despertar porque...

Hoje o tempo escorre pelos dedos das nossas mãos.
Hoje o tempo voa nas asas de um avião.

Tudo parece querer correr bem mas, e o "mas" está sempre presente apesar de já ter aparentemente decifrado todos os códigos possiveis há algo que me continua a escapar, pelos vistos há-de querer continuar sempre a faltar, há-de continuar a ser a minha triste linha de orientação...

Até lá, explico-me pelo que penso, conduzo-me pelo que sinto e pelo que sei que sou.

15.6.05

1 + 1 = Vazio

Quero perder a noção da noção.
Quero não ter razão.
Quero ser culpado por sentir...

O vazio...

Será um jogo?

Não sinto um vazio efémero, aquela sensação facilmente percebida quando olhamos para alguem do sexo oposto e nos sentimos como por magia atraídos, essa visão estimula os nossos sentidos criando na nossa mente um objecto de desejo. Por instinto, o nosso organismo tenta um grande suspiro, enchendo os pulmoes de ar numa tentativa ilusória de preencher o vazio criado por aquele desejo momentâneo. Quando a mente percebe que isto foi em vão, expira-se o ar, comprimindo-se então esse espaço vazio. Isso dá-nos uma sensação momentânea de angústia e/ou depressão, mas sendo fruto do momento, não tem a menor importância.

Sinto um vazio de um nível superior mas mesmo assim alternado, aquele que joga com os nossos estados de espirito, tenta permanecer em nós, tenta-nos levar por caminhos que indelicadamente acabamos por tomar mas que tentamos a toda a hora deixar de seguir... ou será que não?

É o estado "Round'n'Round".
É o questionar tudo.
É o nao ter resposta para nada.

É o meu estado...


De qulquer modo gosto de pensar que existe um patamar superior que nos faz sentir não tão distantes de algo real, esse patamar é o vazio a um nível perpetuado e decadentista.

Mas, "Sejamos realistas e não decadentistas", somos meros passageiros na travessia da vida, não podemos sequer pensar em ir tão fundo, poderemos não ter tempo para regressar, agarrar-nos-emos então aos momentos?

Simplesmente não se pode tentar ganhar o jogo de qulquer maneira...

Eu + Vazio = Vazio

Deixo-me levar...

Et Voilá

O amor torna-se verdadeiro quando roça o ridiculo. Para além dessa fronteira não passa de uma estúpida obcessão.

Um tema a desenvolver...

18.5.05

Momento: Vazio

Olho para todos os brilhos que o sol desponta em vários pontos, penso como seria bom se eu fizesse parte desta tarde tão bem decorada...

Vivo demasiado em pensamentos, queria tanto que eles deixassem de ocupar a maior parte de mim, sinto a falta de me apaixonar. Como é incómodo chegar a casa com a saudade irónica de sofrer por amor, a ilusão imaculada do amor...

Quanto mais eu ando, menor me sinto, mais singular, preciso de me perder... mas para verdadeiramente sentir, deixar de mapear a lógica própria, deixar-me levar por essas sensações, deixar o corpo fazer o relatório.

Não interessa nada do que já foi feito.
Não há sentido sem o sentimento presente.

Tudo flui, influi-mos nas decisões e nos caminhos que decidimos, muda-se tudo, e o tudo pode ter vontade própria, essa vontade pode brincar com alguma coisa maior.

É tão bom cruzar as pernas e pensar em nada que possa ser lembrado depois...

Procuro, Procuro, Procuro.

Procuro na natureza das pessoas alguém para se amar, procuro um sentido real para a vida
Até encontrar, vou ficar no meu, cada vez maior, vazio, escuro, obtuso.

Sim, assumo que a resposta não é a procura, mas a minha mente limitada pela incapacidade de sentir algo verdadeiramente sentido julga-se incapaz de encontrar o plano B...

Corro, Ando, Corro, Fujo.

No vazio, o vazio...

Alguém para amar

19.4.05

Bem Vindo a Ti

Amanhece, escurece, vais e voltas, a sequência não acaba.
Intensificam-se as sensações.
Sente a brisa, sente o que te rodeia, encaixa-te no padrão.

Pura criação.
Puro amor.
Puro ódio.
Pura imaginação.

Divaga, devaneia, voa!
Faz-te ouvir em alto e bom som, não esperes por uma intervenção divina.

Não te deixes prender pelos versos.
Não te deixes prender pelas palavras.
Não te deixes prender pelos nervos.
Não te deixes prender pelo que está errado.
Não te deixes prender pelo tempo.

Recicla-te, não vejas a preto e branco, não sintas em câmera lenta, acorda!
Senão podes mudar o mundo em si, muda o teu próprio mundo, prova a tua própria verdade, o teu próprio ideal, toma consciência da tua, tão só tua, e quão única identidade. É essa a filosofia correcta.

Hoje acredito não haver um fim, vamos ver o sol, ver o mundo a nascer.

21.3.05

Porque fui,sou. Porque sou, serei.

A pulsação é lenta...

Preciso de alguém que me encontre, não que me sinta totalmente perdido ou num "caos" porque isso faz-nos certificar que somos "estúpidos" e mesmo que o sejamos não vale a pena afirma-lo. De um certo modo parece que nos foi retirada a auto-estima e quão importante é esta para que consigamos manter o barco de frente, sem grandes oscilações. Parece que desapareceu o lado da intuição, o lado onde mora o coração, que nos guiava no escuro. Ao mesmo tempo parece que não faço por tentar mas, até tento, será que não? O que é preciso? O que é que falta?

É sentir a falta de algo exterior que puxe por nós.
É o sentirmo-nos algo e não alguém.
É o caminho não parecer o correcto.
Mas é a nossa vida!

"Round'n'round", assim me sinto, fecho os olhos, crio um mundo, passeio pelas ilusões sóbrias de pensamentos ébrios, imagino ser aquilo que não sou mas que no fundo poderei vir a ser. Quero pensar em algo que altere o ponto de ajuste a algo quase perfeito, não totalmente porque existe a tal lacuna apenas preenchível pelo toque único da realidade, só assim abriria os olhos e lançaria ao mundo um verdadeiro sorriso ou pelo menos uma maneira de estar alegre e verdadeiramente sentida.

A pulsação dispara, os pensamentos disparam, giram, não param...

Sei que não interessa o tempo que demorarmos, não interessa as mentiras que nos criam e que queremos acreditar, apenas "step by step" alcançaremos o juízo perfeito.
Havemos de agarrar o "algo" que paira sobre nós, a sombra das nossas ilusões turvas.
No fundo, para cada um existe alguém...

A pulsação esta' super calma.

Sinto-me "below zero".

Será o regresso do vazio?
Será a vontade inequívoca de voltar a pôr o pé em falso?

No fundo, quero acreditar que tenho um plano traçado mas hoje não, hoje quero estar assim...

6.3.05

Por de trás da tela

Como se de um retrato se tratasse, todos nós vamos pintando os traços que definem a nossa vida, traços amorosos, sim porque são esses que realmente pesam na nossa viagem, a vontade de perguntar porque é que estamos tão sós, mesmo com tanta companhia? Será que isso não faz sentido ? será que faz? será que não faz? E se fizer? E se não fizer?

Seguimos caminho por estas ruas iluminadas, fazem-nos pensar, fumamos a vida, respiramos até sufocarmos, sentimo-nos cada vez mais pequenos, todos os 7 dias da semana, valerá a pena tentarmos escapar sempre?

Temos medo a cada momento que passa, sabemos que nos encontramos a uma grande distância do que pretendemos, até pode ser que não mas o impasse está establecido.

Lembro-me de tudo o que tive e que desapareceu, sem avisar, de tudo aquilo que voltou e volta com a mesma facilidade com que havia partido, tudo para nos lembrar que tudo tem uma volta a dar, aquilo que achamos que nos é devido, principalmente ao coração pode estar ao nosso alcançe, talvez seja altura de parar de insistir em perpetuar a noção de que é impossível...

Sinto-me fora de mim...

3.1.05

Mudança

Euforia controlada.
Euforia ainda sob controlo.
Euforia mais ou menos descontrolada.

Alucinar, atrofiar, pensar, reflectir, gritar para dentro...

Tenho um eixo imaginário traçado a meio dos pensamentos sobre o qual exerço rotação, baseia-se na melancolia e na reflexão expontânea que me está intrínseca e sobre o qual pairo, observo, grito para dentro, faço uso dos meus mecanismo de defesa, isolo-me, penso que isto está bem, isto está mal.

O mundo muda a todo o momento, sim mudar nunca é demais, será que tambem eu devo mudar?

Mudar não é tão fácil como falar, mas demora o tempo que for preciso e esse é o tempo q tenho para mudar...

Já me disseram tanta vez olha tu por ti, e realmente nunca olham por mim nem por aquilo que é meu, mas o que realmente é meu? E o que é teu? E o que é que não é teu?

Será que temos a verdadeira noção de aquilo com que realmente podemos contar e com o que não podemos contar?

Qualquer passo que dermos na vida poderá significar o fim d algo, o princípio de algo, pode significar tudo, pode significar apenas parte de alguma coisa, pode ser o início de algo realmente de valor.

Um passo simples poderá significar o centro de tudo, um novo e longo caminho q nos conduziraá a qualquer coisa desejável ou não, poderá significar o melhor, ou talvez até o pior.
De qualquer modo podemos mudar e usar essa mudança como um teste ao que nos rodeia.

Damos todo e qualquer passo sempre com uma dúvida presente... será isto?
Enchemo-nos de confiança, olhamos no horizonte e tentamos escutar algo que nos é superior, haverá algum truque que possa ser usado ?

"Sou uma prisão, à qual fujo e que regresso..."

Serás tu a verdade e não eu?