11.12.07

Perspectiva

Reabsorvo-me e tento encontrar uma identidade em mim, algo que me faça pensar que tudo o que sou não é apenas uma impressão alheia…

Vou vivendo por entre o sossego do vulgar esperando um dia conseguir vencer do avesso
Vou vivendo por entre a montanha-russa que é a vida, sem fuga possivel, traçado planeado, não por nós mas por algo que nunca chegaremos a perceber ou melhor, a entender.

Dou por mim isolado de verdadeiras emoções mas sempre abrangido por um vasto mundo de oportunidades que me deixam pensativo, o erro não é do sistema, será meu?

Perco-me no silêncio da noite que se revela meu aliado, aquele que me consegue fazer pensar de maneira mais racional possível, de dia sou nulo, à noite sou eu…

Nesse silêncio, vejo pelo canto do olho a minha sombra, caiu na verdadeira situação da minha vida, do meu modo de estar, em que sinto que há algo que me falta mas que ao mesmo tempo não me preocupa em demasia, não por inércia de sentir mas por feitio, talvez por experiência.

Sinto o aviso inevitável da consciência.

Perco-me por entre devaneios sem prepósito que acabam por fazer parte integrante da minha alma, do que sou ou do que penso que sou.

Parece que já não sei pensar, do sono que não tenho e que não sei sentir do sono que não consigo ter.

Estou cansado, mas sim, realmente falta-me algo, falta-me fazer algo, seja lá o que isso for.

Eclipso-me por vezes em momentos…

Momentos em que não me sinto a mim muito menos a coisas externas.
Momentos que me lembra que o que quer que tenha vindo cá fazer, ainda não o fiz.
Momentos em que a essência da minha alma se resume a um vazio de sensações.
Momentos em que analiso tudo o que vivi e maravilho-me do que consegui não ver.

Sigo neste meu sonho dentro de um sonho que é a vida, com a eterna necessidade de voar ao som de uma música que me faça chegar a uma conclusão, será que existo somente porque enchi tempo com consciências e pensamentos?

Necessidade de um abraço ao coração, não ao corpo.

Tudo isto é somente mais uma perspectiva inquietante que tal como começou, assim termina. Num fulgor de nada, e para nada… o sempre nada, e o que sou eu?

Eu sou eu, só eu, mais nada…

27.2.07

Sentir

Nunca pensei ou consegui prever que voltasse a sentir de novo aquela dor...

Consciência que tudo isto não passa de palavras, mas ter também a noção que não me sai da cabeça a imagem que vale mais que mil palavras, um abraço que dura uma eternidade...

Um abraço que faz desaparecer tudo o que nos rodeia, elevando-nos para um nível onde apenas existe aquilo que defino por mais pura emoção que só alguém nos pode dar, que nos deixa imunes a tudo e todos que se atravessam no caminho, libertando-nos de todos os problemas e que nos deixa apenas receptivos à melhor sensação que um ser humano pode alcançar...

Se um dia não são dias.
Se o amanhã pode ser tao melhor que o hoje.
Se podemos voltar a sentir em uníssono e tornar-nos um só.
Se a emoção mais forte nos conseguir de novo apoderar, controlar, esquecer toda a mágoa como ninguém, encontrar, poder encontrar todas as coisas que eu te posso dar, saber amar, saber perdoar, a possibilidade de voltar e aceitar...

Porque o tempo faz alguém renascer, sentir como antes, como nunca.

Voltar, encontrar, tornar perfeito é algo que nao se caracteriza, algo que só o divino pode qualificar...

Todos os momentos perdidos, que hoje e para sempre vou querer voltar atrás e mudar, não param de girar e de me virar ao contrário, do avesso e voltar a por-me no lugar, onde não pertenco.

O futuro prolonga-se bem mais que qualquer passado.

A necessidade de tentar e ter a certeza que irá resultar impera, pois quem sente assim, sente como ninguém, quebra todas as barreiras, nao vê obstáculos, reduz-se a nada tentando alcançar o tudo que lhe quebra a monotonia da vida a cada segundo, sem parar, sem parar...

À tanto tempo que queria mudar, realizada a mudança basta perceber que nunca é fácil mas quando esta chega, se nos ajudarem, se colaborarem, nunca mais desaparece.

É uma mudança que revela o verdadeiro ser que há em nós.

Tanto que já é conhecido, por vezes mal entendido, não por culpa própria mas porque seremos sempre influenciáveis de mais àquilo que compreendemos à primeira vista.
Tanto por conhecer, basta querer.
Tanto para dar, tudo para dar, basta deixar-nos levar...

Há algo que sinto a falta a cada segundo, algo que é tudo.

Quero voltar a casa sem ter receio de pensar, sem ter medo...

21.2.07

Sonho

Palavras incertas, ideias incertas mas que vão servir de bússola para tentar encontrar o norte perdido.
O tempo não pára, a vida lá fora continua a girar, num ritmo acelerado, que nada nem ninguém consegue parar.

Encerro-me neste cenário oblíquo...

Apodera-se de mim a dor da ausência, dos dias passados, das marcas ainda frescas que pernoitam na minha memória, do sonho ausente, recordação bem viva que alguém quer que se torne num vazio.

Afinal, já desprovido da essência do sonho e da força da certeza, apenas a razão, pura e simples, faz imperar o paradigma. De facto, se o sonho desaparecer por completo, fico apenas "à espera que o jogo acabe"...

Já me é difícil provar algo.
Já não vejo o amanhecer em nenhuma das minhas ideias.

Perder o sonho vem alterar o meu "paradigma", a forma como vejo o mundo, os outros, o amor e os sonhos...

Resta-me a insónia. Pelo menos resta-me a certeza que a insónia ficará comigo e uma dúvida inevitável: será que sem sonho, há só insónia ?

Procuro-me em dias passados.
Procuro-me nas vidas futuras.
Procuro-me nos sonhos que se desvanecem de um passado recente.

Sigo viagem, mas à medida que vamos caminhando pelos corredores da nossa existência, vamos-nos perdendo nos labirintos que nos próprios construímos.

Não sei se são os dias que custam a passar ou se é a noite que tarda em chegar. "Só sei que nada sei", e quanto mais julgo saber, maior é a minha pequenez.

Nada a fazer senão recolher-me lentamente aos meus pensamentos, deixando apenas entrar um de cada vez.

Preferimos acreditar que amanhá será melhor, entregando-nos hoje à tristeza e solidão sem nos apercebermos que entramos num ciclo vicioso que nos conduz ao vazio, uma doença.

Não há sentimento maior que a saudade de alguém especial, dor maior que o vazio, momento pior do que a solidão que atinge o nosso coração.

Comunicamos em silêncio.

O teu abraço é a minha cura...

27.1.07

Reflexo

Porque a vida tudo nos dá.
Porque a vida tudo nos tira.
Porque a nossa vida pode assumir a forma de algo, de alguém.
Porque esse alguém comanda a vida.
Porque estamos perdidos nas suas mãos...

É o peso da vida, é a gravidade, ninguem lhe pode escapar.

Assim começa uma viagem interminável num mundo de convulsões de sentimentos...

Comigo levo a força, de lutar sempre, de acreditar, de perdoar e pedir perdão, a generosidade e o desejo de dividir o que tenho, o que sinto, o que sou...

Caímos num vazio de impotência, retiram-nos toda a capacidade de exprimir aquilo que corre dentro de nós a toda a velocidade e que nao conseguimos transparecer.

Efectuo uma revisão no meu processo intlectual, deixo tudo para tras, dou tudo o que julgo ter, quero e preciso ver tudo no seu lugar mas uma razão no caos só o amor sabe ver, dou tudo, sou nada...

Se preciso de aprender, preciso que quem comanda a vida me ensine, não tenho um plano melhor.

Serei apenas a sombra de um sonho? Um sonho, que basta um pequeno gesto, uma pequena palavra de fé por parte do algo que comanda a vida, e se torna real.

Vejo o teu reflexo, o teu reflexo sou eu, confundo-me contigo.

Isto não é um dia qualquer...