21.10.08

Argonauta

A saga que é a perigosa expedição das minhas sensações rumo à definição daquilo que sou...

A aventura da minha vida sempre alheia que não aceita que fique contente apenas porque existo. Assim, vou nesta noite sem memoria nem ilusão, assumo que não tenho passado e vejo com muita dificuldade o meu futuro. Tudo porque no fundo da minha alma como única realidade deste momento há uma magoa intensa mas invisível aos olhos de quem não consegue ir mais além...

Vivo na eterna desilusão antecipada de todos os sonhos.

Sonhos que me esqueci de sonhar até ao fim, outros bastante longos e conscientes que me fazer pensar...

Pensar no que perdi.
Pensar no que nunca cheguei a ter.
Pensar nos erros que cometi que apesar de crucificáveis à vista do comum mortal talvez possam ser entendidos como meros acidentes impotentes para atingir a substância da alma porque todos somos algo mais do que assumimos ou damos a entender.

Quem conhece os limites da sua existência para poder dizer, eu sou eu?

Não sei do meu valor, não tenho a que me compare para que me encontre. No fundo, todos somos únicos mas ninguém é definível.

Viro a pagina para uma nova ironia do que sou...

Não quero estar sozinho, distante, vendo o mundo apenas como um esquema objectivo de cores, formas e expressões.

Sei que sinto como ninguém mas para o fazer parece que primeiro tenho que lançar veneno em mim, na minha vida, para que eu desassossegue e contrarie a nulidade em que vivo.

Ponto sem retorno, faz-me pensar na possibilidade de viver sob o efeito de um feitiço. Todavia esse feitiço ao aplicar-se faz-me sentir vivo.

Vou continuar a correr atrás de coisas impossíveis, na saudade do que perdi.

Não consigo deixar de estar inquieto pois não consigo definir aquilo que sinto, quando sinto, e sinto de maneira tão forte embora que inexplicável dado que as palavras acabam por me escapar por entre os dedos.

Pertenci sempre ao que não está onde estou.
Pertenci sempre ao que ainda não consegui ser.

Vou continuar nesta vida experimental feita involuntariamente...

Será que depende só de mim?
Será que necessito de uma intervenção divina?
Será que tudo isto é passível de se desmistificar, porque sei que sou algo mais mas nunca o conseguirei mostrar pois vejo não haver hipótese, e se houvesse?

A saga daquilo que sou, para além do visível, continuará vidrada nessa possibilidade que acreditarei poder sempre existir...

Até lá a minha viagem continuará sem rumo.

11.12.07

Perspectiva

Reabsorvo-me e tento encontrar uma identidade em mim, algo que me faça pensar que tudo o que sou não é apenas uma impressão alheia…

Vou vivendo por entre o sossego do vulgar esperando um dia conseguir vencer do avesso
Vou vivendo por entre a montanha-russa que é a vida, sem fuga possivel, traçado planeado, não por nós mas por algo que nunca chegaremos a perceber ou melhor, a entender.

Dou por mim isolado de verdadeiras emoções mas sempre abrangido por um vasto mundo de oportunidades que me deixam pensativo, o erro não é do sistema, será meu?

Perco-me no silêncio da noite que se revela meu aliado, aquele que me consegue fazer pensar de maneira mais racional possível, de dia sou nulo, à noite sou eu…

Nesse silêncio, vejo pelo canto do olho a minha sombra, caiu na verdadeira situação da minha vida, do meu modo de estar, em que sinto que há algo que me falta mas que ao mesmo tempo não me preocupa em demasia, não por inércia de sentir mas por feitio, talvez por experiência.

Sinto o aviso inevitável da consciência.

Perco-me por entre devaneios sem prepósito que acabam por fazer parte integrante da minha alma, do que sou ou do que penso que sou.

Parece que já não sei pensar, do sono que não tenho e que não sei sentir do sono que não consigo ter.

Estou cansado, mas sim, realmente falta-me algo, falta-me fazer algo, seja lá o que isso for.

Eclipso-me por vezes em momentos…

Momentos em que não me sinto a mim muito menos a coisas externas.
Momentos que me lembra que o que quer que tenha vindo cá fazer, ainda não o fiz.
Momentos em que a essência da minha alma se resume a um vazio de sensações.
Momentos em que analiso tudo o que vivi e maravilho-me do que consegui não ver.

Sigo neste meu sonho dentro de um sonho que é a vida, com a eterna necessidade de voar ao som de uma música que me faça chegar a uma conclusão, será que existo somente porque enchi tempo com consciências e pensamentos?

Necessidade de um abraço ao coração, não ao corpo.

Tudo isto é somente mais uma perspectiva inquietante que tal como começou, assim termina. Num fulgor de nada, e para nada… o sempre nada, e o que sou eu?

Eu sou eu, só eu, mais nada…

27.2.07

Sentir

Nunca pensei ou consegui prever que voltasse a sentir de novo aquela dor...

Consciência que tudo isto não passa de palavras, mas ter também a noção que não me sai da cabeça a imagem que vale mais que mil palavras, um abraço que dura uma eternidade...

Um abraço que faz desaparecer tudo o que nos rodeia, elevando-nos para um nível onde apenas existe aquilo que defino por mais pura emoção que só alguém nos pode dar, que nos deixa imunes a tudo e todos que se atravessam no caminho, libertando-nos de todos os problemas e que nos deixa apenas receptivos à melhor sensação que um ser humano pode alcançar...

Se um dia não são dias.
Se o amanhã pode ser tao melhor que o hoje.
Se podemos voltar a sentir em uníssono e tornar-nos um só.
Se a emoção mais forte nos conseguir de novo apoderar, controlar, esquecer toda a mágoa como ninguém, encontrar, poder encontrar todas as coisas que eu te posso dar, saber amar, saber perdoar, a possibilidade de voltar e aceitar...

Porque o tempo faz alguém renascer, sentir como antes, como nunca.

Voltar, encontrar, tornar perfeito é algo que nao se caracteriza, algo que só o divino pode qualificar...

Todos os momentos perdidos, que hoje e para sempre vou querer voltar atrás e mudar, não param de girar e de me virar ao contrário, do avesso e voltar a por-me no lugar, onde não pertenco.

O futuro prolonga-se bem mais que qualquer passado.

A necessidade de tentar e ter a certeza que irá resultar impera, pois quem sente assim, sente como ninguém, quebra todas as barreiras, nao vê obstáculos, reduz-se a nada tentando alcançar o tudo que lhe quebra a monotonia da vida a cada segundo, sem parar, sem parar...

À tanto tempo que queria mudar, realizada a mudança basta perceber que nunca é fácil mas quando esta chega, se nos ajudarem, se colaborarem, nunca mais desaparece.

É uma mudança que revela o verdadeiro ser que há em nós.

Tanto que já é conhecido, por vezes mal entendido, não por culpa própria mas porque seremos sempre influenciáveis de mais àquilo que compreendemos à primeira vista.
Tanto por conhecer, basta querer.
Tanto para dar, tudo para dar, basta deixar-nos levar...

Há algo que sinto a falta a cada segundo, algo que é tudo.

Quero voltar a casa sem ter receio de pensar, sem ter medo...

21.2.07

Sonho

Palavras incertas, ideias incertas mas que vão servir de bússola para tentar encontrar o norte perdido.
O tempo não pára, a vida lá fora continua a girar, num ritmo acelerado, que nada nem ninguém consegue parar.

Encerro-me neste cenário oblíquo...

Apodera-se de mim a dor da ausência, dos dias passados, das marcas ainda frescas que pernoitam na minha memória, do sonho ausente, recordação bem viva que alguém quer que se torne num vazio.

Afinal, já desprovido da essência do sonho e da força da certeza, apenas a razão, pura e simples, faz imperar o paradigma. De facto, se o sonho desaparecer por completo, fico apenas "à espera que o jogo acabe"...

Já me é difícil provar algo.
Já não vejo o amanhecer em nenhuma das minhas ideias.

Perder o sonho vem alterar o meu "paradigma", a forma como vejo o mundo, os outros, o amor e os sonhos...

Resta-me a insónia. Pelo menos resta-me a certeza que a insónia ficará comigo e uma dúvida inevitável: será que sem sonho, há só insónia ?

Procuro-me em dias passados.
Procuro-me nas vidas futuras.
Procuro-me nos sonhos que se desvanecem de um passado recente.

Sigo viagem, mas à medida que vamos caminhando pelos corredores da nossa existência, vamos-nos perdendo nos labirintos que nos próprios construímos.

Não sei se são os dias que custam a passar ou se é a noite que tarda em chegar. "Só sei que nada sei", e quanto mais julgo saber, maior é a minha pequenez.

Nada a fazer senão recolher-me lentamente aos meus pensamentos, deixando apenas entrar um de cada vez.

Preferimos acreditar que amanhá será melhor, entregando-nos hoje à tristeza e solidão sem nos apercebermos que entramos num ciclo vicioso que nos conduz ao vazio, uma doença.

Não há sentimento maior que a saudade de alguém especial, dor maior que o vazio, momento pior do que a solidão que atinge o nosso coração.

Comunicamos em silêncio.

O teu abraço é a minha cura...

27.1.07

Reflexo

Porque a vida tudo nos dá.
Porque a vida tudo nos tira.
Porque a nossa vida pode assumir a forma de algo, de alguém.
Porque esse alguém comanda a vida.
Porque estamos perdidos nas suas mãos...

É o peso da vida, é a gravidade, ninguem lhe pode escapar.

Assim começa uma viagem interminável num mundo de convulsões de sentimentos...

Comigo levo a força, de lutar sempre, de acreditar, de perdoar e pedir perdão, a generosidade e o desejo de dividir o que tenho, o que sinto, o que sou...

Caímos num vazio de impotência, retiram-nos toda a capacidade de exprimir aquilo que corre dentro de nós a toda a velocidade e que nao conseguimos transparecer.

Efectuo uma revisão no meu processo intlectual, deixo tudo para tras, dou tudo o que julgo ter, quero e preciso ver tudo no seu lugar mas uma razão no caos só o amor sabe ver, dou tudo, sou nada...

Se preciso de aprender, preciso que quem comanda a vida me ensine, não tenho um plano melhor.

Serei apenas a sombra de um sonho? Um sonho, que basta um pequeno gesto, uma pequena palavra de fé por parte do algo que comanda a vida, e se torna real.

Vejo o teu reflexo, o teu reflexo sou eu, confundo-me contigo.

Isto não é um dia qualquer...

25.8.06

Momento: Fé

Dei por mim sozinho, isolado, não será por culpa própria, julgo eu, mas porque tempo presente assim o ditou...

Sou atingindo por uma convulsão de sentimentos e impulsos que se sobrepõem criando uma névoa na minha visao, a qual para sempre julguei nítida, vou pensando em tanto e tao pouco...

Algo que penso atingir num futuro próximo.
Algo que acaba sempre por me escapar por entre os dedos.

Fico parado no tempo, sempre a ver, a imaginar, aquele momento em que impróprio ou próprio de mais para intervir e decidir verdadeiramente o que é certo, tudo passou por mim, um tudo que não deixa dúvidas tal o eco que criou junto da verdadeira essência da minha alma, tudo passou e em que ao olhar para trás vi que nada havia a fazer...

O momento em que se inverteria a situação.
O momento que realmente me marcou, pelo menos por agora, temo que para sempre...

Mentalizo-me sobre o que aconteceu e o que não aconteceu, todavia existe sempre aquela mínima hipótese de dar a volta à situação, de que tudo é vulgar quando é exposto à luz, de facto, o contraste é a razão.

Nada é o que parece, é a linha d orientação a seguir para tentar manter a racionalidade que se tenta esconder por entre milhares d pensamentos cujo único objectivo é baralhar as contas da vida.

Parece que o que tenho feito não tem volume nem cor, vive-se na eterna esperança da intervenção de algo divino que tudo desmistifique.

Fico à espera que a hipocrisia caia do seu pedestal.

Suspenso o sorriso, resta o que sou, nada mais.

O tempo tudo nos leva mas a inabalável fé que o destino nos possa aquecer paira sempre no ar.

Acabo, nem mais nem menos, no ponto onde começei...

18.5.06

Presença Ausente

Acordo a meio da noite cheio de palavras, mas quando realmente chega o momento não sei o que dizer, são essas as únicas palavras q tenho para ti...

Palavras são o que são, emoções são o que resta.

Conformei-me com o facto d estar só, aprendi a estar assim, foi o q me aconteceu, consigo estar tão perto d mim mas tão longe de toda a gente, de alguém...

Uma espécie de protecção da vida.

Mas o tempo corre, não espera por nós.

Tenho que parar de deixar para amanha o que posso fazer hoje mas é uma corrida contra o próprio feitio.

Tenho de parar de pensar no amanha, o amanha não existe, vive-mos aqui e agora. Aqui e agora, sou. Depois, depois logo se verá.

Não adianta fechar os olhos.
Não vale a pena viver na saudade do que podia ser.

Sei que tenho que lutar por algo que julgo que realmente me faz falta e que me podia completar, mas o alvo não é facilmente reconhecido por mim ou pelo “algo” que me comanda sobre o qual me vejo impotente em conseguir exercer qualquer tipo de pressão, “algo” que nao sou eu, “algo” que nao é meu mas o que é que sou eu e o que é que é meu?

Nada nos pertence.
Nada fica sempre em nós.
Tudo muda.

Tudo muda menos o constante apelo de ser, de apenas ser...

Felicidade que vai e volta...

Tantos sentimentos que não consigo fazer atravessar as fronteiras da minha mente, sentimentos enclausurado devido a qualquer coisa superior, superior em relação ao que sou mas muito inferior ao que gostava de ser.

É a sinfonia da vida, que toca sem parar te alcançarmos o momento em que tudo se inverte, a mudança que parece não nos querer invadir assim, de qualquer maneira...

Não acredito que ninguém sinta o mesmo que eu.
Não acredito que haja tempo para pensar.
Não acredito que a mudança esteja para breve.

Hoje e amanha, serei sempre assim?
Quem será que me pode salvar?
A resposta estará realmente mais perto que aquilo que penso?

No fundo tudo será facil de perceber nos é que somos cegos e como se isso não bastasse acreditamos apenas no que vemos...

E vemos tao pouco.
E acreditamos tao pouco.

Sem repostas, sou e continuo prisioneiro do meu próprio passado...

São danos colaterais das opções que tomamos, por vezes involuntariamente, sem darmos conta, que vão apagando os vestígios que ainda subsistiam de aquilo que já fomos e que muito provavelmente gostariamos de voltar a ser, como por magia, com um toque subtil...

Ate lá continuo a funcionar apenas como mais uma presença ausente.